foto: Mary Melgaço |
Durante cerimônia realizada na manhã
desta quinta-feira (4), no Palácio Paranaguá, um Protocolo de Intenções foi
assinado pelo prefeito de Ilhéus, Newton Lima, e o presidente do Teatro Popular
de Ilhéus, Brunek de Almeida Susmaga (Bruno). No documento, fica formalizado o
propósito do Município de Ilhéus transferir a administração do prédio do antigo
Grupo Escolar General Osório para a entidade cultural, pelo prazo de 20 anos,
através de Termo de Permissão de Uso de Bem Público a ser firmado entre as
partes.
No protocolo, fica assegurada a
intenção da instituição Teatro Popular de Ilhéus também administrar a
Biblioteca Pública Municipal Adonias Filho, que possui cadastrados cerca de 35
mil títulos, incluindo neste acervo uma quantidade significativa de obras raras
da literatura brasileira. Inaugurado em 31 de dezembro de 1915, foi o prédio
foi a primeira escola pública municipal, se constituindo, portanto, num imóvel
de relevância para o patrimônio histórico do município, cujo estilo retrata a
arquitetura e estilo da Belle Époque francesa.
Instalado na Casa dos Artistas, no
Calçadão Jorge Amado, o Teatro Popular de Ilhéus enfrentou diversos períodos de
instabilidade, devido à falta de apoio dos poderes públicos, e desde 2008 vem
tentando conquistar uma sede definitiva com apoio da Secretaria de Cultura do
Estado da Bahia. “Para realizar este volume de atividades o grupo necessitaria
de um espaço mais amplo”, declara o diretor-artístico Romualdo Lisboa.
O diretor destaca, ainda, o quanto o
grupo é grato à família Hans Koella por estes 10 anos de ocupação gratuita da
Casa dos Artistas. “Percebo este momento como uma oportunidade de conquistarmos
uma sede própria que atenda nossas necessidades artísticas e técnicas”, diz.
Entretanto, agora no início de outubro, os proprietários do imóvel solicitaram
a desocupação do espaço até o último dia deste mês. Diante deste fato, o TPI anunciou
a suspensão de sua programação no local a partir de novembro.
Prédio da cultura - Sensibilizado com
a situação do TPI, o prefeito Newton Lima, em reunião com o secretário de
Governo e Ações Estratégicas, Jorge Bahia, foi verificada a possibilidade de o
Município ceder o prédio onde funciona a Biblioteca Pública Municipal Adonias
Filho para a instituição. Após a análise da viabilidade jurídica realizada pela
Procuradoria Geral do Município, ficou acordado a elaboração do Protocolo de
Intenções, que será substituído por um Termo de Permissão de Uso de Bem
Público.
Explicou Newton Lima, que a identidade
e a história do prédio está em perfeita sintonia com o Teatro Popular de
Ilhéus, principal protagonista da cultura ilheense, que a partir de agora tem
mais um missão: cuidar de parte da história de Ilhéus. Para o presidente do
TPI, Brunek Susmaga, essa ação do prefeito pode ser traduzida num sonho que
nunca foi sonhado, tendo em vista o local disponibilizado. “Tínhamos a
necessidade de um novo local para continuar nosso trabalho, mas nem de perto
passava por nossas cabeças ocupar um prédio com essa dimensão histórica”,
ressaltou.
De acordo com o protocolo, caberá às
partes estimular e implementar ações conjuntas, somando esforços e mobilizando
suas unidades, além de agregar novas entidades para implantar novas parcerias.
Ainda segundo o documento, o protocolo não contempla o repasse de recursos
financeiros entre as partes, possibilitando apenas a eventual aplicação direta
de recursos no imóvel, ressalvada a anuência do Poder Público Municipal, no
respeito à legislação de proteção ao patrimônio público.
Segundo o chefe de Gabinete do
Prefeito e historiador, José Nazal, elogiou a atitude do prefeito Newton Lima
em ceder o imóvel ao TPI e disse que há uma simbiose perfeita entre o prédio e
o grupo cultural representado pelo Teatro Popular de Ilhéus, que terá assumir o
compromisso de realizar a comemoração do centenário do prédio, o que acontecerá
daqui a três anos. “Essa é mais uma demonstração da democracia implantada por
este governo e a história vai mostrar que este ano vai ser muito bom para a
cultura de Ilhéus”, frisou.
Teatro Popular de Ilhéus - Criado em setembro
de 1995 e transformado em pessoa jurídica sem fins lucrativos em 15 de
fevereiro de 2002, o Teatro Popular de Ilhéus tem como finalidade defender,
retomar, promover a cultura popular, preservando os elementos essenciais da
identidade cultural local. Ainda, segundo o estatuto, se constitui como objetivo
de produzir, beneficiar, adquirir ou construir infraestrutura necessária para a
produção de espetáculos e manifestações artísticas ligadas às artes cênicas e
plásticas e à prestação artísticas e técnicas de serviços, estudos e pesquisa.
Reconhecida como entidade de utilidade
pública municipal pela Lei 3.005, de 03 de abril de 2003, o Teatro Popular de
Ilhéus tem se destacado – sobretudo – pelos espetáculos que cria e apresenta em
Ilhéus e na maioria das capitais brasileiras. Algumas de suas peças foram
indicadas para concorrer a prêmios nacionais de relevância, a exemplo do Prêmio
Shell (uma indicação) e Prêmio Braskem (duas indicações).
De acordo com o diretor-artístico do
Teatro Popular de Ilhéus, Romualdo Lisboa, o plano de trabalho para os próximos
três anos mais de inclui seis mil horas de cursos e oficinas e exibição de 144
filmes no Cineclube Équio Reis. Também serão realizados 32 debates sobre temas
de interesse público, produzidos 90 vídeos curta-metragem, 18 encontros com
escritores regionais e apresentados mais de 200 espetáculos de teatro, música e
dança. A estimativa de público atendido vai além de 100 mil pessoas.
Romualdo Lisboa destacou que o prédio
da Biblioteca Pública Adonias Filho atende às necessidades da cultura, pois
existem quatro grupos residentes do espaço cultural (Teatro Popular de Ilhéus,
Cia Boi da Cara Preta, Grupo Improviso Nordestino e Grupo Teatral Maktub).
“Agora todos os grupos terão espaço para desenvolver seus ensaios e trabalhos e
locais de forma totalmente independente, proporcionando um ganho na qualidade”,
concluiu o diretor.
2 comentários:
agora vamos ver se essa ganho para a 'cultura local' vai ser compartilhando com os demais grupos musicais, de dança, de teatro, de cultura em geral da cidade de ilheus.
Caro anônimo, tenho certeza que o TPI continuará abrindo as portas para a classe artística como sempre fez quando administrava a Casa dos Artistas.
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